quarta-feira, 1 de abril de 2015

A Cultura do aparente





Por que temos tanto medo em mostrarmos quem realmente somos? Por que investir tanto esforço em esconder nossa natureza e admitir nossas limitações?
A sociedade pede para ser enganada em todas as circunstancias, desde as que aparentemente dizem ser diferentes até as que assumem ser comuns e fica por isso mesmo. Em todos os casos temos quem finge que não se conforma e o que simplesmente se conforma.

Sepulcro caiado. Essa expressão não sai da minha cabeça quando penso no que nos tornamos como raça humana. Durante toda a historia do ser humano, independente de sua concepção de verdade, seja pelo criacionismo ou pelo evolucionismo o fato é que nos tornamos seres piores a cada geração. Desde as primeiras civilizações o status quo é a ordem de vida.
Nos primórdios usávamos tacapes gigantes, pedras, estufávamos o peito e usávamos couraças e capacetes para esconder nossa fragilidade frente a natureza oposta. Com o passar dos anos, a pólvora se tornou o pó de arroz de uma época onde o medo de ser inferior não poderia de forma alguma aparecer aos inimigos. Hoje o dinheiro, a estética, as grifes e posições nos dão um ar de superação desse período, mas o que vejo na verdade são apenas mudanças de cor no sepulcro.
A expressão citada se dá a referencia de ter uma lapide linda e adornada que minimize ou esconda o que realmente há por dentro. Sem querer ser ofensivo, o que existe dentro do tumulo é um ser humano em estado de decomposição.
Se passearmos por todos os aspectos e circunstancias da sociedade veremos sempre o esconderijo de sua pequenez, de uma forma ou de outra. Na politica vemos corruptos se dizerem perplexos frente a tanta corrupção, nas igrejas vemos a fé se tornado mercado, na família vemos sinais de egoísmo a todo momento, no serviço, escolas e grupos sociais vemos todos buscando diferenciais que se faça maior em relação a outrem.
Cada vez enfeitamos mais ou mudamos o nome de nossos sepulcros para ter a impressão de que a morte não existe, de que não há um preço a ser pago, de uma vida sem consequências.
Mas sim e daí? Continuamos, mesmo que concordando com isso, em enganar e sendo enganados. Continuamos vivendo as conveniências sociais, porque se não, seremos enxotados do convívio comum e seremos expurgados até mesmo no contexto familiar.
Porque não estamos preparados para conviver com a realidade do próximo, com suas limitações, defeitos, fragmentos de percepção aprendida e conceitos unilaterais de experiência. Gostamos de ouvir lindas poesias musicais ou não, sobre ser empáticos mas se jogarmos luz sobre isso veremos claramente que na maior parte não passa de tinta cintilante. Digo na maior marte, porque não posso dizer que todos tem o mesmo comportamento ou intenção, isso não cabe a mim. Cabe a cada um o olhar para si mesmo e perceber o quanto já se decompôs por causa do padrão desse mundo, o quanto a forma o deformou e se há ainda esperança para si mesmo.

Fato é que não podemos, repito, não podemos esperar dos demais a mesma atitude pois isso é totalmente particular e intransferível. Não quero ser utópico e dizer que “se fizermos nossa parte...”  mas que nós, quando reconhecemos nossa falibilidade, fica mais fácil de perceber o outro e entender suas ações e mais que isso, lá dentro, conseguimos, se nos permitirmos, reconhecer as diferenças e simplesmente estender a mão. E isso é muito difícil. Afinal somos simples seres humanos.

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